sexta-feira, 25 de julho de 2008

Metrofor pode ser solução para trânsito de Fortaleza


Texto: Diogenilson Aquino, Thaty Nascimento e Washington Forte

Fortaleza, juntamente com sua região metropolitana, tornou-se uma das grandes metrópoles da região Nordeste, e já não consegue suprir as necessidades de locomoção da população somente com a utilização de ônibus como meio de transporte urbano. Para resolver este problema, o Governo do Estado do Ceará pôs em prática a construção de uma linha de metrô sobreposta à atual linha ferroviária.

Para isso foi criada, em 1997, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), uma empresa estatal. Em 1999 foi iniciada a obra de construção da linha metroviária. O projeto prevê a construção, primeiramente, da linha sul, que vem de Maracanaú até o centro de Fortaleza. E seu segundo estágio, há a construção da linha oeste, que vai do centro de Fortaleza até Caucaia.

De acordo com o assessor da presidência do Metrofor, Fernando Mota, que trabalha com o projeto desde 1999, já foram concluídas 52% das obras da linha sul, que deverá ser entregue à população até 2010. A justificativa dada por ele sobre a demora da construção era a falta de recursos financeiros garantidos, problema resolvido com a inclusão do projeto nos recursos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal.

“Até 2007 a maior dificuldade era financeira. Com a inclusão do Metrofor no PAC, essa dificuldade deixou de existir, pois temos certeza que o dinheiro virá. Os projetos incluídos no PAC têm recurso garantido, é o que a gente chama aqui de dinheiro carimbado, que ninguém vai gastar em outros projetos.” acrescenta o assessor.

O que pode garantir o sucesso do Metrofor é a parceria de integração entre metrô, ônibus e transporte alternativo. Os ônibus e as vans deverão ser os transportes coletores de passageiros para o metrô, ao invés de competir com o sistema metroviário. Funcionaria como o projeto Integração Temporal da Prefeitura de Fortaleza: com a passagem que o usuário pagou para utilizar o ônibus ou a van, ele terá acesso ao metrô. “Não adianta você ter o metrô correndo aqui e em paralelo um ônibus fazendo esse mesmo trajeto. Vai ser prejuízo para o ônibus e prejuízo para o metrô. A integração tem que ser física, tarifária, operacional, lógica e institucional” concluiu Fernando Mota.

O projeto do Metrofor prevê ainda a futura construção da linha leste, que irá do Centro até o Papicu e de lá até a Unifor. Caso Fortaleza torne-se uma das cidades sedes da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, a utilização de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) – um trem a diesel com capacidade menor que a dos que circulariam nas linhas principais – na linha de carga que vai da Parangaba até o Mucuripe, que atenderia à necessidade de um transporte rápido e confortável para levar passageiros dos hotéis da Praia de Iracema e do Aeroporto Internacional Pinto Martins até o Castelão
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No entanto, conforme Fernando Mota, a construção da linha leste precisa de um investimento maior que o atual, já que boa parte da linha será subterrânea. E quanto à circulação de VLTs na linha de carga, já está em andamento o processo de licitação para a compra deles. Tudo depende da escolha de Fortaleza como uma das cidades sedes.

“Se Fortaleza for escolhida uma das cidades sede da Copa do Mundo, tenho certeza, que essas duas linhas estarão operando em 2014, porque existe um compromisso do Governo do Estado que está registrado no caderno de encargo, que planeja como a cidade vai estar em 2014, em todos os aspectos, transporte, rede hoteleira, aeroporto, enfim, infra-estrutura e evidentemente dentro dessa estrutura o metrô tem importância fundamental” declara ele.

Em março deste ano a tarifa do sistema de transporte ferroviário foi reduzida para um real. O que não deverá ocorrer quando o metrô estiver finalizado e integrado com os outros transportes urbanos. Segundo Fernando Mota, a tarifa tem que ser uma tarifa única, porém não deverá ter o valor atual dos trens nem dos ônibus: os usuários deverão ter um metrô com ar condicionado, rápido e confortável, logo com custos maiores.


Para os usuários do transporte ferroviário, que dependem cotidianamente do trem como condução, a espera pela melhoria de todos os carros é o consolo. A preferência pelo trem se dá devido à locomoção mais rápida em relação aos ônibus, contudo a viagem sobre os trilhos não é garantia de segurança, visto que ainda circulam vagões com janelas depredadas e portas que não se fecham.

Para o ex-diretor do Detran-CE – Departamento Estadual de Trânsito – e da antiga Ettusa – Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Fortaleza, Fernando Bezerra, Fortaleza e o Brasil estão atrasados em relação ao transporte urbano, tendo em vista que em outros países, como na Europa, o transporte coletivo sobre trilhos é eficiente até para levar passageiros de um país a outro. De acordo com ele, a solução para o transporte urbano de Fortaleza, como de qualquer metrópole, é um transporte rápido sobre trilhos. Mas que para garantir os benefícios é preciso que a integração e o trabalho paralelo entre os transportes coletivos ocorram de fato para poder transportar os 250 mil passageiros/dia previstos.

“O fundamental é a construção da linha leste, que o Governo Estadual deve priorizar, pois é no corredor e adjacências da Aldeota e Papicu que hoje circulam a maior parte da frota de carros e da população de Fortaleza” argumenta ele.

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