domingo, 23 de novembro de 2008

Cobertura da Semana de Comunicação

Nos posts abaixo, vocês conferem a cobertura de alguns eventos da Semana de Comunicação da Faculdade Integrada do Ceará, realizada entre 11 e 14 de agosto. Os alunos Davi Garcia, Ederclinger Reis e Antônio Júlio Souza mostram alguns dos painéis de discussão conduzidos durante o evento, em um exercício de apuração e produção noticiosa.

Estímulos da mídia criam equívocos de percepção

Texto: Antônio Júlio Souza

A Estética do Belo na Construção da Imagem dos Ídolos foi o tema abordado nesta sexta feira, 14/11, quarto e último dia da Semana de Comunicação, evento promovido pelos alunos, professores e coordenadores dos cursos de jornalismo e publicidade da Faculdade Integrada do Ceará - FIC. O tema encerra a pretensão da SEMACOM de provocar uma profunda discussão sobre o Espetacular Mundo da Mídia.

Afinal, o que é o belo? Assim começa a fala da professora da FIC Valeria Geremia, uma das convidadas para debater sobre o tema. Para Valeria o mundo tem beleza para quem sabe apreciar. E a mídia, disse ela, muitas vezes nos rouba a percepção do belo, pois passamos a achar que o belo está somente na TV. A falta de criticidade, segundo Valéria, nos leva a olhar a beleza da rosa sem nos dar conta de que não há nela perfume nem espinhos (uma referência ao filme Beleza Americana). “A mídia produz beleza para vender. Até que ponto a beleza exposta pela mídia nos faz bem?” , pergunta ela.

Recorrendo à história do Pequeno Príncipe de autoria do jornalista francês Saint Exupery, quando ele diz que o essencial é invisível aos olhos, a professora da Faculdades Nordeste - FANOR, Ana Valeska, inicia sua participação no debate. Segundo Valeska, os estímulos excessivos criam equívocos de percepção, uma rede de ilusões, podendo até levar à cegueira ( fazendo alusão à obra Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago) “Se o essencial é invisível aos olhos, então há o equívoco”, afirma.

A mídia, na concepção de Ana Valeska, não está preocupada com o cidadão, mas com o consumidor que ele é. Por isso, segundo ela, é valido o pensamento de Leonardo Boff quando ele diz que é preciso a superação do capital material pelo capital espiritual. Pois este, o capital material, desagrega o ser em vista do ter. E passa-se a viver num mundo de aparências. Valeska conclui sua fala dizendo que o ser humano precisa encontrar o belo único que é ele mesmo, não se adequando aos padrões e evitando as armadilhas do sistema.

“O belo é algo que não é padrão. É o sentimento que cada pessoa externa daquilo que ela tem de melhor.” Assim definiu Vitor Hugo, aluno do sexto período de jornalismo, um dos alunos presentes à palestra.

Semana de Comunicação debate "Espetacularização da Política’"

Texto: Ederclinger Melo Reis

"Espetacularização da Política" foi o tema debatido no terceiro de dia da Semana de Comunicação, 13 de novembro, no Auditório Principal da Faculdade Integrada do Ceará, sede Via Corpvs. O assunto foi mais um ponto discutido na Semana que tinha como temática ‘A espetacularização na Mídia’. O Professor de Comunicação Social Adilson Nóbrega mediou o evento, que foi chamado de “picadeiro” - em referência ao tema da Semana, espetáculo - pelo coordenador do curso de Publicidade e Propaganda Reginaldo Gurgel Moreira, onde estiveram no centro o recém eleito vereador João Alfredo e o editor do núcleo de Conjuntura do jornal O Povo, Gualter George.

João Alfredo destacou o espetáculo propriamente dito na política, a forma de como é tratada a política diante da sociedade, em que há uma relação de consumo entre políticos e eleitores. Além disso, ele citou os recursos eletrônicos utilizados como componentes que têm ajudado, como a Internet, uma nova forma de comunicação. Por trás disso, o marketing na política é um ponto fundamental para a visibilidade de um candidato numa eleição, onde o discurso é importante. Alfredo afirmou que não é resultado desse espetáculo porque havia pouco tempo na mídia para o partido dele, o Psol.

Já Gualter debateu a cobertura da mídia diante da política. Ele reconheceu o espetáculo da mídia, mas que se não forem trabalhados outros pontos importantes para o candidato, provavelmente não será eleito. Também, lembrou a relevância da capacidade de que cada pessoa para decidir por si e não minimizar o raciocínio de cada um. “A população não é uma massa de manobra”, disse o jornalista. A Internet também foi um aspecto citado por Walter como também um fator determinante de sucesso de um político, além da existência de vários outros itens para tal.

Apesar de ter apenas um público de aproximadamente cinqüenta pessoas, segundo os organizadores do evento, houve uma boa participação no debate com perguntas que levaram a questionar os convidados.

Para João Alfredo, o momento é importante porque há a possibilidade de ter a própria visão crítica da profissão tanto do jornalismo como da publicidade, “não só da profissão, mas o próprio papel da mídia na sociedade de massa”, disse. Ele ainda espera ter contribuído com o debate levantando questionamento da política no meio da comunicação. “Espero ter contribuído para formar uma consciência crítica do estudante e do profissional”, complementa. O professor Reginaldo destacou que o momento foi para acrescentar o conteúdo debatido na formação dos alunos de publicidade e jornalismo, “conteúdo que vai além da sala de aula através dos convidados”, relatou.

O vereador do Psol também falou que sente falta de debates como este na sociedade. “Tem que haver mais debate para a sociedade, ela tem que entender o sistema, o papel da mídia, como se fosse um bom produto, exercitar seu papel como cidadão nesse meio para não virar uma mera consumidora, acrítica e não virar massa de manobra de interesses”, frisou.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O circo do espetáculo está armado

Texto: Davi Garcia

A Semana de Comunicação (Semacom) de Faculdade Integrada do Ceará (FIC) teve início nesta terça-feira, 11/11, com o tema ``O espetacular mundo da mídia``. A conferência de abertura foi realizada no auditório da faculdade, ambientado de forma a lembrar um grande circo, com fitas coloridas no teto e balões espalhados pelo local. No centro do picadeiro estavam os palestrantes: o presidente da Agencia Boa Notícia, professor Souto Paulino e o teatrólogo e sociólogo Oswald Barroso.

A palavra inicial foi dada pela diretora da unidade Via Corpvs da faculdade Jaqueline Rios, que disse sentir-se “um pouco de malabarista, contorcionista, mágica, domadora e até palhaça”, fazendo referência aos seus afazeres como diretora. Em seguida, os coordenadores dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, Rosane Nunes e Reginaldo Gurgel, respectivamente, agradeceram e presença do público e destacaram a importância do evento para o aprendizado dos alunos. O representante do Diretório Acadêmico de Comunicação Social (Dacs) Anderson Pires salientou o apoio da direção na organização do evento e disse que o tema da Semana era uma crítica à sociedade e visava fomentar o pensamento crítico, em seguida passou a palavra aos palestrantes, que discorreram sobre o espetáculo na mídia.

Oswald Barroso fez referência aos ritos do passado, afirmando que o espaço do evento, que lembrava um circo, era ritual. Para ele, os ritos foram aos poucos se transformando em espetáculo. Também fez menções ao teatro grego e à separação entre palco e platéia. Segundo ele, a mídia eletrônica favorece essa separação, onde a massa é um espectador passivo.

O professsor Souto Paulino destacou o poder da informação e fez críticas àqueles que dizem que tudo é culpa dos meios de comunicação. Para ele a notícia pode ser apresentada por diversas ângulos, a escolha é de quem a faz. Ele fez referência aos programas policiais e disse que eles usam a fração como um todo para fazer o sensacional.

O espaço foi aberto para debates e o assunto mais abordado foi a violência na mídia. Para os palestrantes, esse apelo à violência se dá porque há uma união entre a indústria das armas e a indústria do entretenimento, as duas lucrativas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Entrevistas

Segue abaixo algumas das entrevistas dos alunos da turma 2008.2. Como entrevistados, o jornalista e professor da Faculdade Integrada do Ceará Moacir Maia, o cantor e compositor Moska e o atleta de vôlei de praia Márcio Araújo.

Como linha editorial, a proposta de, por meio da entrevista pingue-pongue, abordar aspectos da trajetória de cada um dos entrevistados.

O resultado pode ser conferido pelos leitores deste blog nos posts abaixo.

Dinamismo profissional


Texto: Maira Pinho, Mônika Maud, Serena Morais
Imagens: Serena Morais
Entrevista: Serena Morais


O jornalista Moacir Maia dos Santos iniciou sua participação no campo da comunicação social cedo, ainda no colégio, localizado em Limoeiro, interior do Ceará, sua cidade natal. Ele e seus colegas tinham um programa de rádio chamado Tocando o Vale pra Frente, tocado nas manhãs de domingo. Mudou-se para a capital, Fortaleza, com o objetivo de concluir o 2º grau e iniciar a faculdade que desejava, Comunicação Social.

Em poucos anos passou de estagiário em rádio para correspondente local pelo sistema Globo de Televisão. Esteve à frente de um telejornal local como apresentador, foi colunista, repórter. Um profissional que ocupou muitos cargos e que não se deixou abater pelas irregularidades e falta de ética, por acreditar na responsabilidade atribuída à sua profissão de passar informações como realmente são, à população.

Sempre esteve ligado às lutas e reivindicações por melhorias à classe dos profissionais de jornalismo, tornando-se presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) durante três anos. Durante sua gestão obteve várias conquistas para os jornalistas cearenses: ampliaram 75% dos associados do sindicato; tiveram ganho de 32 pontos percentuais acima da inflação do período, no Piso salarial; realizaram congressos e eventos.

Na entrevista realizada no Tribunal Regional do Trabalho onde ocupa o cargo de assessor de comunicação, Moacir Maia deixou bem claro, a paixão pela comunicação e diz que nunca irá se aposentar, pois sempre estará pensando em uma nova forma de informar. O jornalista esteve sereno durante toda a entrevista e demonstrou orgulho ao falar das conquistas e experiências que acumula no seu currículo.

Serena - Você veio pra Fortaleza para estudar ou tiveram outras razões?
Moacir – Na verdade, em Limoeiro [cidade natal], já tinha faculdade, a Aureliano Matos, mas não tinha terceiro ano científico, curiosamente. (...) Então eu vim pra cá pra fazer terceiro ano e vestibular. Fiz terceiro ano em três colégios distintos. Consegui uma bolsa para estudar, desde que treinasse handball. Fiz vestibular pra jornalismo e direito. Ainda fiz metade do curso de direito, na Unifor.

Serena – Porque abandonou o curso de direito?
Moacir – Foi quando eu comecei a trabalhar na Caixa Econômica, como estagiário. Fazer duas faculdades e trabalhar um expediente é pior do que trabalhar dois expedientes e fazer uma faculdade. E na realidade eu queria jornalismo. No começo foi uma dúvida fazer Engenharia de Pesca ou Jornalismo, mas como eu já tinha participado de um movimento jovem lá em Limoeiro, tínhamos um programa de rádio chamado Tocando o Vale pra Frente, feito aos domingos pela manhã, então decidi ficar na comunicação que já era algo que gostava.

Serena – Qual foi sua primeira experiência, aqui em Fortaleza, na área de Jornalismo?
Moacir – Foi em 82, fui fazer um estágio na TV Verdes Mares, na rádio. Ao final de 83apareceu uma vaga e fui contratado. Fiquei até 86 quando, depois de um curso da TV Globo, eu passei da rádio para a TV Verdes Mares.

Serena - Quando você se tornou correspondente nacional da Globo?
Moacir - Em 88 a Globo pressionou as afiliadas e determinou que montassem núcleos para atender os telejornais de rede. Fiquei 8 ou 9 anos fazendo matérias para os telejornais de rede. Um período bom, de muito aprendizado porque se tem, às vezes, muitas limitações de pauta por questões paroquiais e, quando é uma matéria pra Rede nos poupa de desgastes locais. Permitiu-me ter ido emprestado uns 3 anos seguidos para a TV Globo em São Paulo/Rio, trabalhando lá também. Foi um período muito rico em agregar conhecimento porque todo dia você aprende uma coisa nova.

Serena - Existe diferença do jornalismo local para o que é feito para Rede Nacional?
Moacir - O que eu verifico é que quando as empresas estão vinculadas a grupos econômicos e políticos, sempre existem os interesses pontuais. Mas o que, fundamentalmente, importa é se o profissional está disposto a fazer jornalismo bem feito e isso impõe, em determinados momentos, que você brigue um pouco mais, se indisponha um pouco mais sobre algumas chefias. Eu lembro que o Jornal Nacional chegou a colocar duas matérias, de dois repórteres distintos e isso para uma afiliada é algo assim [pausa] fantástico. A pauta no Jornal Nacional por exemplo, é muito fechada, com 60/70% da pauta para o Rio, São Paulo ou Brasília e o resto do país brigando por um minuto. É interessante perceber que nós podemos criar uma referência boa daquilo que produzimos e não só sair matéria da seca.

Serena - Você já teve problemas com empresas e profissionais devido a falta de ética?
Moacir - Aquele que capitular diante do imperativo ético, aquele que se deixar dobrar por interesse pontual da empresa ou de um chefe e abrir mão de cumprir estritamente o que está preconizado no código de ética da nossa profissão, não deveria nem ter entrado. Eu cheguei a ter problemas com colegas, querendo ser mais realistas que o rei, querendo agradar mais do que deveriam, ou pelo simples exercício profissional, querendo agradar “puxando o saco”. Isso me colocou em situação um pouco incômoda de ter que peitar a própria empresa. Eu lembro um episódio onde eu cheguei a dizer que não refaria a matéria por uma questão muito simples: “eu sou repórter da Verdes Mares porque eu sou jornalista. Eu não sou jornalistas porque sou repórter da Verdes Mares”. No dia que alguma empresa quiser obrigar um jornalista a fazer alguma coisa que vai em desacordo com o código de ética da profissão dele, não espere ser demitido pela empresa, demita-a antes, pois ela não te merece. O único patrimônio que um jornalista pode se dar o luxo de classificar como inalienável e que ele vai construir sua vida honestamente, é um nome que faça referência e tenha pertinência numa postura ética.

Serena – Você acha que a disciplina de Ética na faculdade é de fundamental importância?
Moacir - Eu tenho críticas ao que se tem apresentado como proposta de uma nova grade curricular para os cursos de jornalismo. O debate que vai pra sociedade e que aparece como imperativo permanente de questionamento é: porque que jornal tal não deu determinada matéria, e é esse o debate ético que está na sociedade. Pena estarmos em um momento que alguns valores da sociedade como um todo seja o ponto de vista ético na política, nos negócios. Mas eu continuo acreditando que aquilo que é necessário à formação do jornalista é que ele possa adquirir um conjunto de valores e de referência que o leve objetivamente a ter plena consciência de que o jornalismo só existe, nessa perspectiva de serviço público, quando ele está focado na defesa intransigente do interesse difuso, do interesse coletivo e isso impõe verdadeiramente a capacidade de fazer um jornalismo ético.

Serena - Como você chegou à presidência do Sindjorce?
Moacir - Eu comecei a frequentar o Sindjorce ainda estudante, depois me associei como profissional. Durante a gestão do Amaury, em 1995, eram duas chapas na disputa, então sugeri unir ambas, pois era um sindicato pequeno, não havia porque ter briga, então fomos eleitos. Para mim foi um aprendizado fantástico. Digo sempre que quem for convidado a compor uma chapa do sindicato, não pense que aquilo é trabalho ou peso nos ombros. É uma honra acima de tudo, e mais que isso, é uma oportunidade fantástica de aprendizado. Foi um período riquíssimo em que eu cresci muito como cidadão e como profissional. Foram 3 anos que trabalhamos em várias frentes, ampliamos em 75% o número de associados do sindicato , tivemos um Piso salarial com ganho de 32 pontos percentuais acima da inflação do período - os três anos acumulados, tivemos uma capacidade de inserção na vida da comunidade com o projeto Área da Cultura, fomos o sindicato que mais promoveu congressos e eventos no país inteiro nesse período.

Serena – Você pensa em se candidatar novamente ao cargo de presidente do Sindjorce?
Moacir – Eu continuo na militância como diretor da FENAJ e participo da vida do sindicato, mas não cogito um novo mandato a presidente.

Serena – Desde quando você está engajado a FENAJ?
Moacir – Eu estou na diretoria da FENAJ, no Departamento de Relações Internacionais, há três gestões seguidas.

Serena – O que o levou a entrar na área do ensino em jornalismo? O que você espera passar aos futuros jornalistas como professor?
Moacir – Uma colega de trabalho, sempre dizia para eu integrar a academia, ajudar a formar e refletir com os meninos sobre o jornalismo. Até que um dia o Alejandro [Sepúlveda, ex-coordenador do curso de Jornalismo da FIC] me ligou e convidou - era a primeira turma ainda que iria se formar da FIC – para dar a disciplina de Telejornalismo e depois a disciplina de Realidade Regional de Comunicação. Fui com o melhor dos sentimentos, a maior boa vontade, tentar ajudar. Já tentei articular com outros colegas a idéia de fazer um encontro com os professores de jornalismo aqui do Ceará, que nunca teve, pra começarmos a trabalhar uma pauta com algum sentido de unidade, objetivando a melhor formação. Isso é uma despeita, as instituições terem as suas brigas de mercado. Precisamos unir um pouco mais as nossas forças, porque parece que falta muito essa articulação. Nós, na área da comunicação, nos comunicamos muito pouco, trocamos pouco nossas experiências, recebemos pouco de auxílio dos companheiros. Eu já pensei em parar, pois é cansativo, às vezes até um pouco desestimulante, mas eu acho que temos compromisso com essa causa.

Serena – Os programas Cena Pública e Ciclo de Debates, que você apresenta na TVC, são produções relacionadas entre si ou existe uma diferenciação?
Moacir – Na verdade a pauta do Cena Pública é mais ampla possível. É discutido de célula tronco à CPI dos Grampos. Então aquilo que a experiência humana alcança, que a sociedade experimenta como objeto das suas relações cotidianas, nós temos na pauta do Cena Pública. O Ciclo de Debates já é um projeto mais novo, ele guarda obediência pra habitar mais no eixo da política e da economia. É um programa de uma pretensão um pouco mais segmentada, porém com a preocupação de estar contextualizando esses temas que pareçam ser meramente segmentados pra chegar mais amplos ao espectro da população. Eu tenho um projeto para outro programa na TVC, na área de música, que é um setor que me atrai fantasticamente. Mas é tudo uma questão de ter tempo e capacidade de se articular e fazer o projeto rodar.

Serena – Devido à experiência que você acumula, já passou pela sua cabeça relatá-las por escrito?
Moacir – Já, mas me considero meio indisciplinado naquilo que me vem como idéia às vezes. Porque eu acho que pra correr atrás daquilo que precisamos, até pra sobreviver, há necessidade de ter disciplina, pois eu sempre entrei nas coisas muito de cabeça. Nos últimos tempos eu tenho pensado mais em como refletir, não só o relato puro e simples dessas experiências, mas reflexões que permitam inclusive guardar obediência àquilo que apreendemos ao longo da vida profissional que é o sentido exato do que representa ser jornalista. Entendendo essa atividade como algo extremamente essencial à vida em sociedade, sobretudo a construção da democracia no nosso país. Eu quero ir produzindo para ajudar muito mais no debate do que mesmo só um registro histórico do que eu possa ter vivido.

Serena – E com relação ao futuro? Alguma pretensão?
Moacir - Nunca paro de pensar em coisas novas e de me envolver em outros projetos. Como dizem em Limoeiro: quando você anda de bicicleta, não pode parar de pedalar, porque senão cai. Não penso em me aposentar. Se daqui a alguns anos não for possível me manter em nenhum veículo, mesmo assim eu não quero parar de pensar em comunicação de jornalismo, então irei atrás de outros canais para expressar isso.

Filosofia de Moska


Foto: Ederclinger Melo Reis
Edição: Ederclinger Melo Reis e Germana Cleia da Silva
Texto de abertura: Ederclinger Melo Reis e Germana Cleia da Silva


O apelido é a sua assinatura. Aos 41 anos, o cantor Moska, coleciona oito discos na carreira solo, sete “modestas” participações em filmes (como ele próprio fala) entre outros trabalhos como ator em mini-séries e espetáculos teatrais.

Historicamente, Paulo Correia de Araújo é considerado pelos críticos como uma pessoa que passou por várias transformações: começou no grupo Garganta Profunda, foi para o “Inimigos do Reis”. Deixou de ser Paulinho Moska para ficar com o segundo nome, quando lançou o álbum ‘Eu Falso da Minha Vida o que Eu Quiser’, em 2001, num momento difícil de sua vida o qual ele não quis revelar. Isso até chegar no “Tudo Novo de Novo”, transformando a dor em amor.

Atualmente, paralelo à sua carreira no estúdio e no palco, Moska atua como apresentador e cantor no programa televisivo de entrevistas e músicas “Zoombido – A Canção de Todo Mundo”, do Canal Brasil. Ele vive um momento de alegria, segundo o próprio, com o seu novo disco “Mais Novo de Novo”, mas ainda com sua marca do que ele chama de “melancoliberdade”.

A seguir, Moska mostra sua faceta filosófica e “metamorfósica” da carreira já consagrada do cenário nacional da música popular brasileira. O carioca revela suas idéias e experiências, em especial no álbum totalmente independente ‘Tudo Novo de Novo’, quando fotografava seu próprio reflexo em objetos espelhados nos hotéis por onde passava.

O camarim do BNB Clube serviu de sala de espera para que esta entrevista fosse realizada. Esperamos aproximadamente três horas até que Moska passasse o som e nos atendesse. Ele vestia uma calça camuflada modelo exército, uma camiseta branca com o desenho de cara engraçada e os dizeres: “This was my face before surgery” [Esta era a minha cara antes da cirurgia], sapato Cross, meias brancas com detalhes de flores e chapéu xadrez. Simpático, Moska apresentou, na maioria do tempo, inquietação, cruzava e descruzava as pernas e mãos.

No final da entrevista, pedimos que ele se fotografasse no reflexo do espelho, provocando nele o sentimento de voltar aos velhos e bons tempos em que ele fazia tal atividade.

Ao ser indagado sobre seu novo estado de ser, depois de grandes transformações na sua trajetória, apesar de se esquivar e se acomodar melhor na poltrona, ele filosofa.

Eder e Germana: Você considera que o Álbum ‘Tudo Novo de Novo’ se tornou uma transformação na sua vida? Você utilizou as fotografias que fazia do seu reflexo em hotéis nos quais ficava hospedado. Como foi?
Moska: Primeira coisa que eu já consegui foi fugir do banheiro, consegui escapar do banheiro. Eu já não faço mais fotografias de hotéis, porque justamente já fiz 4 mil, em três anos e fiz outras 3 mil em homenagem a elas. Dei nomes para as que eu mais gostava e depois escrevi poemas para os nomes e depois as canções para os nomes. Foi um processo que não foi pensado. Eu comecei a fazer as fotos sem saber o porquê de estar fazendo. E aos poucos me vi com uma quantidade enorme e uma pressão de fazer alguma coisa para aquilo, antes que eu enlouquecesse.

Eder e Germana: E como foi a primeira?
Moska: A primeira foi em Nova Iorque, três dias antes dos ataques terroristas [ele se refere ao atentado, no dia 11 de setembro de 2001, ao Word Trade Center]. Comprei essa câmera digital e estava com o manual no hotel e havia um botão chamado ‘micro’ para fotografar coisas mais pequenas e eu saí experimentando este botão pra testar a câmera. Procurei um objeto pequeno e vi o meu reflexo na maçaneta, não numa torneira de metal. Comecei a fotografar muito mal, na verdade. Estas primeiras são muito feias. Não feias, mas não cheguei a uma qualidade que ela não tem.

Eder e Germana: Qual lhe chamou mais atenção?
Moska: Na verdade a primeira que me chamou atenção foi por volta de 1500. Eu jogava no computador e deixava lá. E um dia no Japão, em 2001 eu tirei um foto com numa torneira que tinha um diamante em cima, uma imitação de diamante para abrir e fechar a água da torneira. Botei meus olhos onde caía água e dei um nome para esta foto, chama-se ‘Lágrimas de Diamantes’.

Eder e Germana: Você fez alguma homenagem também a essa foto?
Moska: Uns três meses depois eu estava indo para a Chapada Diamantina fazer um show e justamente lembrei, por causa do Diamante, do nome Diamantina e comecei a fazer uma letra lembrando da foto. Depois quando cheguei em casa peguei a letra e fiz a música e dei o nome da música de ‘Lágrimas de Diamantes’. Descobri o que fazer com as fotos. Passei então a fotografar buscando uma imagem que me sugerisse um nome para escrever um poema e fazer uma canção.

Eder e Germana: Houve algum momento em que você tirasse a foto só depois de compor uma música?
Moska: No meio do processo, eu inverti também: fazia uma música e depois tirava foto, buscava um nome através da foto, enfim o processo se misturou e a partir de um certo momento sabia que estava fazendo um disco, que era um processo fechado que juntava imagem com palavra e música. Passei a dirigir um novo álbum que nasceu natural, que acho que é o melhor caminho que você faz uma obra. Tenho fruição, que eu te falei: deixa rolar e depois uma certa manipulação, você se institui com aquilo, começa a organizar ou ter umas idéias meio malucas. Lembro-me que algumas fotos tinham flores desenhadas nuns azulejos que ficavam por trás dos objetos que eu fotografava como se fosse um cenário. Então essas que tinham flores eu também separava numa pasta especial e dei um nome pra esta pasta: ‘Jardim do Silêncio’, que leva ou a escrever a letra e depois a música. Então todo o repertório foi feito em cima dessas fotografias, enfim, toda a imagem na luz que tem a fotografia misturada com a idéia de aurora em relação ao crepúsculo do falso.

Eder e Germana: Qual foi o sentido desta experiência para você?
Moska: Foi um caminho delicioso mesmo, como uma libertação desse repertório de escuro, que tinha uma esperança e uma alegria bem distinta. Posso dizer que estou gravando um álbum novo que é mais feliz ainda que o ‘Tudo Novo de Novo’ [ele se refere ao disco que está em estúdio] sem deixar de ser melancólico, que é a minha assinatura também: chamo de ‘melancoliberdade’. Na verdade não é uma tristeza, eu sou uma pessoa muito feliz, só trabalho com a melancolia. Mas esse trabalho me dá uma felicidade enorme, então, eu já chamo de ‘Melancoliberdade’.

Eder e Germana: Conte um pouco mais desta sua nova fase? Isso faz parte de uma das suas tantas transformações?
Moska: É o meu primeiro disco independente, completamente independente. Uma das coisas que mais tem me agradado nessa fase independente é que não tenho mais data para nada. Eu fui contratado de uma multinacional por treze anos, o que tinha data pra tudo, não é? Eu tinha data para entregar repertório, data para entrar no estúdio, data para terminar o disco, data para mandar para a fábrica, data para lançamento e data para fazer sucesso. Hoje, eu me libertei disso, não tem data mais para nada e produzo. Depois que está pronto, vejo como é que vai sair, por onde vai sair ou como. Virei realmente o dono da minha carreira.

Eder e Germana: E como é o seu dia-a-dia de músico?
Moska: Estou gravando de uma maneira muito diferente que sempre gravei. Eu não entrei no estúdio nem me internei no estúdio. Não entrei para gravar e é a primeira vez que eu faço assim: gravo um pouco e levo pra casa, uma semana depois gravo mais um pouco, levo para casa, duas semanas depois gravo mais um pouco. Não estou fazendo comigo o que fizeram quatro anos. Estou aproveitando esta liberdade para transformá-la em qualidade e tranqüilidade.

Eder e Germana: Quem é Paulinho Moska, hoje?
Moska: Quem sou eu? Não sei. Costumo dizer que eu espero da minha vida o que eu seja diferente de ontem e de amanhã, que o tempo presente que eu habite, seja sempre novo pra mim: é o que eu busco. Não estou falando isso porque trabalho com arte: acho que todo mundo é artista, todo mundo tem potencial pra criar e esse potencial vem justamente do tempo, que faz com que não sejamos os mesmos a cada segundo. Então, acho que isso vem do meu entendimento muito particular de que a vida é uma grande mutação constante. Não estou te criticando, só estou respondendo à tua pergunta: essa pergunta, eu acho, é meio descabida para mim [ele se levanta para sentar mais confortavelmente na poltrona], eu não consigo responder algo que não está parado, eu não consigo explicar algo que está em movimento, o movimento é justamente a possibilidade de a gente não se tornar sedentário, é o movimento que faz com que o espírito seja nômade, seja livre e isso se manifesta no presente porque o passado não muda e o futuro a gente não sabe qual é, então, o presente é o lugar onde as coisas acontecem, onde está tudo em movimento. Quem eu sou? Eu sou este tempo presente.

Prata com gosto de ouro


Texto: Antônio Júlio
Fotos: Davi Garcia
Edição: Francisco Emanoel
Texto de abertura: Davi Garcia


O dia 28 de agosto de 2008 foi uma data histórica para Márcio Henrique Barbosa Araújo, ou apenas Márcio para os amantes do vôlei, e para todos os cearenses. Naquele dia ele conseguiu algo inédito, sendo o primeiro atleta masculino de nosso estado a conquistar uma medalha olímpica (antes apenas Shelda, também do vôlei de praia, tinha conseguido tal feito). Mesmo após a frustração com a derrota na final para os americanos Rogers e Dalhauser, Márcio percebeu a importância de seu feito ao chegar em terras cearenses, quando foi ovacionado por milhares de pessoas que o aplaudiam pela conquista da prata.

O cearense de 34 anos iniciou sua carreira no vôlei de praia em 1996 - ao lado de Reis Castro - e também fez parceria com Benjamin, com o qual disputou os jogos olímpicos de Atenas, terminando na nona colocação. Seu atual parceiro é o capixaba Fábio Luiz, que foi de fundamental importância para a atual conquista. Márcio é famoso no mundo do vôlei por suas defesas e levantadas, tendo sido escolhido em 2006 e 2007 o melhor levantador do circuito mundial.

Atualmente, Márcio treina aqui mesmo, no Ceará, nas areias da Beira-Mar e foi lá que ele concedeu à nossa equipe a entrevista que se segue.

Davi - Quais são suas melhores lembranças de Pequim? Houve um momento em especial?
Márcio - As lembranças das olimpíadas de Pequim são muito boas. Eu tive momentos maravilhosos, de sonho mesmo e de muita alegria. Um deles foi a partida da semifinal contra Ricardo e Emanuel, pois foi um jogo muito difícil, muito nervoso e nós conseguimos vencer. A própria interação com os outros atletas brasileiros também foi muito bacana, com a própria Maurren [Maggi, ouro no salto em distância], com a seleção de vôlei. Essa troca de energia é um momento que a gente guarda pra nossa eternidade.

Emanoel - Você comentou sobre a dificuldade na partida contra Ricardo e Emanuel. Como foi derrotá-los?
Márcio - Aqui no Brasil, a gente tem feito bons jogos contra eles e disputa é muito acirrada. Se não me engano, eles têm nove vitórias contra oito nossas, isso quer dizer que estávamos muito iguais. Este ano nós tínhamos enfrentado a dupla uma vez, na etapa de Brasília do circuito nacional, perdemos por dois a um em uma partida muito disputada. Nas Olimpíadas, nós sabíamos que era um momento muito emocional, já que eles estavam disputando o bicampeonato, defendendo o título, enquanto nós estávamos correndo atrás de uma medalha, pois já era minha segunda Olimpíada. Então eu entrei naquele jogo muito determinado, muito focado e eu sabia que ia ganhar aquele jogo.

Júlio - Durante uma matéria exibida após a semifinal você pareceu bastante surpreso em derrotar a dupla Ricardo e Emanuel. Foi realmente uma surpresa para você?
Márcio - De maneira nenhuma! Naquele momento eu demonstrei muito respeito ao adversário, até porque era um time de peso. Pra mim eles são dois “leões’ na praia, então naquele momento a gente matou dois “leões”. Mas eu não fiquei surpreso, mas emocionado e muito feliz, é diferente! É um sentimento de muita gratidão por tudo que a gente fez e aquele momento foi coroado com a vitória. Eu sabia que a gente tinha condições de vencer e o placar não mente. A mídia é que dá sempre ênfase à dupla Ricardo e Emanuel. Não sei porque a mídia faz um “bafafá’ tão grande por termos vencido.

Davi - Você acha que a dupla é colocada de escanteio pela mídia?
Márcio - Com certeza! Existe um “bairrismo” muito grande com o pessoal do Rio de Janeiro. Eu acho que a gente tem que valorizar o que é nosso e eu tenho muito orgulho de ser cearense. Acho que o importante é termos a consciência de que naquele momento tudo é Brasil. Eu sabia que não era mais um, mas um dos 277 atletas que estavam representando uma nação.

Emanoel - Você acha que existe um preconceito com o atleta nordestino?
Márcio - Sem dúvida nenhuma! Hoje nem tanto, já que o berço do vôlei de praia é aqui, foram Franco e Roberto Lopes que desbancaram os americanos [essa vitória aconteceu na etapa do Rio de Janeiro do Circuito Mundial, em 1994]. Mas existe esse “bairrismo”, esse preconceito, até mesmo racismo. O Nordeste tem suas belezas, suas riquezas, seu povo é humilde, mas é trabalhador e também faz o Brasil.

Júlio - Você diria que a conquista da medalha de prata foi a mais importante da sua carreira?
Márcio - Sim. A conquista da medalha de prata foi uma vitória muito grande para minha vida, representa muito e eu acho que isso tem que ser valorizado.

Davi - Após a final olímpica, o narrador Galvão Bueno afirmou que faltou “força mental” à dupla. Você concorda com essa afirmação?
Márcio - Não. Eu acho que naquele momento faltou, na verdade, um pouco mais de atitude. Nós poderíamos ter mudado a situação de jogo, ter feito algumas jogadas diferentes, mas não acho que faltou “força mental”, mas tranqüilidade.

Emanoel - Qual é a sensação de estar em um pódio olímpico?
Márcio - É uma emoção muito grande. Eu já estive em muitos pódios, mas olímpico foi a primeira vez, e é diferente, realmente é diferente. Eu fiquei muito emocionado de estar dividindo aquele pódio com mais de 180 milhões de brasileiros.

Júlio - Como você se sentiu em disputar sua segunda Olimpíada? Você pretende disputar uma terceira?
Márcio - Eu fiquei muito feliz de ter jogado uma segunda Olimpíada, pois a classificação foi muito difícil. E eu pretendo, sim, ir a outra Olimpíada. Eu tenho condições físicas, mentais e técnicas para isso, mas querer é uma coisa e poder é outra. É preciso tranqüilidade e pés no chão, pois o ciclo olímpico não é tão fácil.

Davi - Você se inspira em algum outro atleta? Quem?
Márcio - Um grande ídolo que eu tenho é o americano Karch Kiraly, que já conquistou três medalhas de ouro em Olimpíadas, duas na quadra e uma na praia [seus dois ouros na quadra foram em Los Angeles-1984 e Seul-1988, na praia conquistou em Atlanta-1996]. Ele não é um ídolo só pra mim, mas pra muita gente que joga vôlei. Eu tive o prazer de conhecê-lo, sou amigo dele e ele é uma integridade como pessoa e como profissional. Ele representa muita coisa pro voleibol e eu tento me espelhar na pessoa que ele é. E claro que também temos os nossos ídolos daqui. O Ayrton Senna é um cara vitorioso e acho que ele é um ídolo de todos os brasileiros.

Emanoel - Antes do Fábio você teve mais dois parceiros. Como é feita a adaptação quando ocorre a troca de dupla?
Márcio - Meu primeiro parceiro foi o Reis, que hoje é técnico da dupla Juliana e Larissa. A gente como já era cearense e já se conhecia não teve muito problema. Depois fui jogar com o Benjamin, que morava no Rio de Janeiro. Eu fiz o convite, ele veio morar aqui e fez toda uma base bem feita, com preparação física e técnica, um trabalho focado pra gente chegar na Olimpíada.

Júlio - Você sempre quis ser jogador de vôlei?
Márcio - Eu sempre pratiquei esporte. Eu entrei no vôlei por acaso. Na verdade, eu pratiquei saltos ornamentais e ginástica olímpica durante doze anos. Meu pai é professor de educação física, então eu tive um desenvolvimento dentro da área esportiva muito forte.Apareceu a oportunidade de jogar vôlei no colégio e fui. Então meu treinador do colégio me levou pra praia para ajudar Franco e Roberto [Lopes] e fiquei até hoje.

Davi - Qual foi o pior momento da sua carreira?
Márcio - Acho que foi a Olimpíada de Atenas. Eu achei que podia conquistar uma medalha e foi tudo por água abaixo. A nona colocação foi um resultado muito ruim, eu fiquei muito triste, mas o importante foi que eu aprendi, a decepção veio como lição, isso serviu muito pra mim.

Emanoel - Como é voltar ao Ceará depois dessa conquista?
Márcio - Eu voltei meio triste no avião e não tinha a dimensão do que era conquistar a medalha olímpica. Mas quando cheguei no aeroporto e vi aquela multidão de gente, carro de bombeiros esperando, aquela confusão, aí é que eu caí na real. Eu fiquei muito feliz de ter recebido o carinho dos cearenses.

Júlio - Você foi primeiro atleta masculino do Ceará a conquistar uma medalha olímpica. O que você acha que precisa ser feito para que outros cearenses alcancem essa marca?
Márcio - É importante que o nosso estado faça mais investimentos. Acho que podem surgir outros Márcios, outros Ricardos, Emanuéis, Gibas [Giba é jogador da seleção brasileira masculina de vôlei de quadra], Maurren Maggis. Aqui no Ceará esse material humano existe e o investimento deve ser feito em cima das crianças, pois são elas que vão fazer o futuro do esporte. Eu tenho esperança de que isso um dia possa acontecer, mas isso não depende da gente como atleta, mas dos órgãos responsáveis por esse setor.