sexta-feira, 25 de julho de 2008

Juizado Especial Móvel: agilidade e desburocratização


Cerca 90% das ocorrências de trânsito que envolvem danos materiais são atendidas pelos Juizados nos locais dos acidentes

Texto / foto: Carolyne Barros e Fernanda Sleiman

A cena é corriqueira nas ruas da cidade. O sinal de trânsito abre e os carros se apressam. Trafegam alguns metros e é preciso parar novamente e esperar uma nova chance de pisar no acelerador. Para o motorista de táxi Ananias Melo é esse sistema lento que favorece os acidentes. “A gente fica impaciente, já com o pé no acelerador e, de repente, tem que frear bruscamente”, afirma.

Ananias, que já foi vítima de quatros pequenos acidentes, confessa a preocupação com os gastos ocasionados pelo trânsito. “No mesmo dia que comprei meu táxi novo um motoqueiro me atingiu pela lateral. Acionei o Juizado Móvel porque não tenho seguro, mas fiquei com medo de que ele fugisse antes de qualquer acordo”, conta o taxista.

O Juizado Especial Móvel de Fortaleza é fruto do convênio entre o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e o Tribunal de Justiça do Estado e completa 12 anos de atuação em novembro. Foi por meio dele que Ananias garantiu o conserto do táxi. “Ainda bem que o motoqueiro me pagou tudinho. Demorou, mas pagou”, disse o taxista, referindo-se ao prazo estipulado em seu acordo de 120 dias para o pagamento de reparação dos danos.

Somente no ano passado, o Juizado Móvel atendeu quase 5.000 ocorrências de colisões de trânsito sem danos físicos (vítimas ou lesões), representando 90% dos casos registrados. Na parceria, cabe ao Detran o repasse de verbas para manutenção das três viaturas de atendimento, incluindo os custos de combustível e pagamento do motorista, e o serviço de perícia técnica. O Tribunal de Justiça atua na homologação dos termos conciliadores e nos trâmites de documentação.

Responsável pela desburocratização de ações judiciais referentes à solicitação de ressarcimento para colisões de trânsito, os Juizados Móveis são vinculados à 10ª Unidade dos Juizados Especiais e o serviço já é referência de atendimento em todos os estados. “Em cada localidade, os números já comprovam uma diminuição representativa do volume de ações tramitando nos Juizados. Como o acordo é feito no próprio local do acidente, a documentação já é homologada e a parte prejudicada tem a segurança de contar com o apoio da Justiça”, explica Vólia Rocha, assessora de imprensa do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

Para cada atendimento, um oficial de justiça, um bacharel em Direito (conciliador) e um perito do Detran avaliam o prejuízo material, além de também ouvir as versões apresentadas pelas partes envolvidas. “Quando o acordo é realizado amigavelmente, o processo dura em torno de 20 minutos”, afirma Vólia.

Nos casos em que um dos envolvidos abandona o local do acidente, o prejudicado pode solicitar o laudo pericial do Detran e agendar a audiência de conciliação por telefone. “É importante tomar nota do número da placa do veículo e observar qualquer dado que possa interferir no veredito do juiz, como alta velocidade e manobras imprudentes”, aconselha a assessora. Nessas situações, os atendimentos são mais demorados. “Convidamos as partes para uma audiência de conciliação na sede do Juizado e se, mesmo assim, não houver acordo, a Justiça buscará a solução através dos trâmites legais vigentes”, conclui.

Números

Segundo o Tribunal de Justiça do Estado, desde a criação do Juizado Especial Móvel de Fortaleza, em novembro de 1996, 53.897 colisões já foram atendidas pelas três viaturas de serviço. Desse montante, 46.645 ocorrências resultaram em acordos conciliadores no próprio local do acidente.

Serviço:

Departamento Estadual de Trânsito – Detran
Perícia: 154
Taxa do laudo pericial (somente em casos de abandono do local por uma das partes): R$27,90
Atendimento 24 horas, incluindo feriados e fins de semana.

Juizado Especial Móvel de Fortaleza
(85) 9982.6733/ 9982.6724/ 9982.6735
Atendimento gratuito e 24 horas, incluindo feriados e fins de semana.

CNH Especial para deficientes físicos

Texto: Alyne Barreto, Carlos Gabriel e Jorge Macedo

Andar de ônibus em cidades como Fortaleza, onde os coletivos andam a uma velocidade média de 18 km por hora, está se tornando a cada dia mais complicado. Quando o usuário desse serviço de transporte público é uma pessoa com deficiência física, então, não há o que se comentar diante de tanta dificuldade.

O que muitas dessas pessoas não sabem é que a Constituição brasileira dá direito à isenção de impostos na compra de veículos automotores. Com a isenção de tributos como ICMS, IOF e IPI, o valor de um carro 0 km pode ter uma redução de até 25%. No entanto, a legislação diz que o preço mínimo de um carro comprado nessas condições deve ser de R$ 60 mil.

Para adquirir um veículo adaptado, a pessoa interessada deve dirigir-se ao Detran para ter atestada a incapacidade de conduzir veículos comuns, processo realizado por meio de perícia médica. Para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) especial para deficientes, o usuário passa por um processo muito semelhante ao dos demais cidadãos. A única diferença é que deverá ser submetido a uma junta médica que examina a extensão da deficiência e desenvoltura do candidato.

Depois disso e de posse de todos os documentos, o solicitante deve procurar uma clínica credenciada autorizada a realizar o exame médico e psicotécnico especial para deficientes. Logo após o candidato a motorista deverá passar por um Centro de Formação de Condutores (CFC) credenciado a realizar o exame teórico do Detran.

Segundo Edílson Lucas Morais, gerente do Núcleo de Saúde do Detran/Ceará, todas as deficiências físicas que impedem o condutor de dirigir um carro comum são admissíveis no processo da CNH especial. Entretanto há milhares de pessoas que não possuem qualquer deficiência, mas alegam seqüelas e problemas neurológicos no intuito de conseguir desconto de impostos, comenta Edílson.

Uma das reclamações de usuários que já possuem carros adaptados é que esse direito não é divulgado. O próprio gerente admite que a maioria das pessoas que procuram o serviço fica sabendo por meio de outras e se queixam que o órgão não tem muito interesse na divulgação, já que o site só disponibiliza informações superficiais a respeito do serviço. Edílson se retrata dizendo que o site do Detran dispõe especificamente de “informações administrativas”.

O candidato aprovado recebe uma observação na CNH declarando que tipo de adaptação ele precisa. O carro deve ser adaptado na fábrica e vem sob encomenda para o condutor. O usuário portador de CNH especial não pode conduzir veículos comuns, sob pena de sofrer multa em caso de flagrante. A carteira tem validade de dois anos e deve ser renovada após esse período. O gerente Edílson Morais disse ainda, que o único envolvimento do Detran com todo o processo de adaptação de carros é examiná-los para verificar se as adaptações estão de acordo com o que foi exigido pelo laudo.

O que é preciso

- Para requerer a CHN Especial é necessário ter 18 anos completos, ser alfabetizado, apresentar original e cópia do RG e CPF, cópia do comprovante de residência e uma foto 3x4 colorida com fundo branco;
- A única diferença em relação à obtenção da carteira de habilitação normal é uma junta de médicos que examina a extensão da deficiência e desenvoltura do candidato;
- Providenciados os documentos necessários, o solicitante deve procurar uma clínica credenciada autorizada a realizar o exame médico e psicotécnico especial para deficientes;
- De posse do resultado do exame médico, fazer a matrícula em um Centro de Formação de Condutores (CFC) credenciado e realizar o exame teórico no Detran;
- Para a realização do exame prático, procure uma auto-escola ou CFC que possua o veículo adaptado para o tipo de deficiência constatada;
- Nessa fase do processo, o candidato recebe orientação e treinamento adequados. Antes do exame prático, o carro é vistoriado por um médico perito que checa se as adaptações estão de acordo com a deficiência constatada. Na CHN Especial está especificada a adaptação necessária para que o deficiente dirija em segurança.

(Fonte: Detran São Paulo)

Metrofor pode ser solução para trânsito de Fortaleza


Texto: Diogenilson Aquino, Thaty Nascimento e Washington Forte

Fortaleza, juntamente com sua região metropolitana, tornou-se uma das grandes metrópoles da região Nordeste, e já não consegue suprir as necessidades de locomoção da população somente com a utilização de ônibus como meio de transporte urbano. Para resolver este problema, o Governo do Estado do Ceará pôs em prática a construção de uma linha de metrô sobreposta à atual linha ferroviária.

Para isso foi criada, em 1997, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), uma empresa estatal. Em 1999 foi iniciada a obra de construção da linha metroviária. O projeto prevê a construção, primeiramente, da linha sul, que vem de Maracanaú até o centro de Fortaleza. E seu segundo estágio, há a construção da linha oeste, que vai do centro de Fortaleza até Caucaia.

De acordo com o assessor da presidência do Metrofor, Fernando Mota, que trabalha com o projeto desde 1999, já foram concluídas 52% das obras da linha sul, que deverá ser entregue à população até 2010. A justificativa dada por ele sobre a demora da construção era a falta de recursos financeiros garantidos, problema resolvido com a inclusão do projeto nos recursos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal.

“Até 2007 a maior dificuldade era financeira. Com a inclusão do Metrofor no PAC, essa dificuldade deixou de existir, pois temos certeza que o dinheiro virá. Os projetos incluídos no PAC têm recurso garantido, é o que a gente chama aqui de dinheiro carimbado, que ninguém vai gastar em outros projetos.” acrescenta o assessor.

O que pode garantir o sucesso do Metrofor é a parceria de integração entre metrô, ônibus e transporte alternativo. Os ônibus e as vans deverão ser os transportes coletores de passageiros para o metrô, ao invés de competir com o sistema metroviário. Funcionaria como o projeto Integração Temporal da Prefeitura de Fortaleza: com a passagem que o usuário pagou para utilizar o ônibus ou a van, ele terá acesso ao metrô. “Não adianta você ter o metrô correndo aqui e em paralelo um ônibus fazendo esse mesmo trajeto. Vai ser prejuízo para o ônibus e prejuízo para o metrô. A integração tem que ser física, tarifária, operacional, lógica e institucional” concluiu Fernando Mota.

O projeto do Metrofor prevê ainda a futura construção da linha leste, que irá do Centro até o Papicu e de lá até a Unifor. Caso Fortaleza torne-se uma das cidades sedes da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, a utilização de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) – um trem a diesel com capacidade menor que a dos que circulariam nas linhas principais – na linha de carga que vai da Parangaba até o Mucuripe, que atenderia à necessidade de um transporte rápido e confortável para levar passageiros dos hotéis da Praia de Iracema e do Aeroporto Internacional Pinto Martins até o Castelão
.
No entanto, conforme Fernando Mota, a construção da linha leste precisa de um investimento maior que o atual, já que boa parte da linha será subterrânea. E quanto à circulação de VLTs na linha de carga, já está em andamento o processo de licitação para a compra deles. Tudo depende da escolha de Fortaleza como uma das cidades sedes.

“Se Fortaleza for escolhida uma das cidades sede da Copa do Mundo, tenho certeza, que essas duas linhas estarão operando em 2014, porque existe um compromisso do Governo do Estado que está registrado no caderno de encargo, que planeja como a cidade vai estar em 2014, em todos os aspectos, transporte, rede hoteleira, aeroporto, enfim, infra-estrutura e evidentemente dentro dessa estrutura o metrô tem importância fundamental” declara ele.

Em março deste ano a tarifa do sistema de transporte ferroviário foi reduzida para um real. O que não deverá ocorrer quando o metrô estiver finalizado e integrado com os outros transportes urbanos. Segundo Fernando Mota, a tarifa tem que ser uma tarifa única, porém não deverá ter o valor atual dos trens nem dos ônibus: os usuários deverão ter um metrô com ar condicionado, rápido e confortável, logo com custos maiores.


Para os usuários do transporte ferroviário, que dependem cotidianamente do trem como condução, a espera pela melhoria de todos os carros é o consolo. A preferência pelo trem se dá devido à locomoção mais rápida em relação aos ônibus, contudo a viagem sobre os trilhos não é garantia de segurança, visto que ainda circulam vagões com janelas depredadas e portas que não se fecham.

Para o ex-diretor do Detran-CE – Departamento Estadual de Trânsito – e da antiga Ettusa – Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Fortaleza, Fernando Bezerra, Fortaleza e o Brasil estão atrasados em relação ao transporte urbano, tendo em vista que em outros países, como na Europa, o transporte coletivo sobre trilhos é eficiente até para levar passageiros de um país a outro. De acordo com ele, a solução para o transporte urbano de Fortaleza, como de qualquer metrópole, é um transporte rápido sobre trilhos. Mas que para garantir os benefícios é preciso que a integração e o trabalho paralelo entre os transportes coletivos ocorram de fato para poder transportar os 250 mil passageiros/dia previstos.

“O fundamental é a construção da linha leste, que o Governo Estadual deve priorizar, pois é no corredor e adjacências da Aldeota e Papicu que hoje circulam a maior parte da frota de carros e da população de Fortaleza” argumenta ele.

População de Fortaleza insatisfeita com situação do transporte público

Texto: Gabi Oliveira, Francisco José Barbosa e Sheryda Lopes

Fortaleza possui frota de 1.787 ônibus, que juntos transportam mais de 900 mil pessoas por dia de acordo com dados da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor). Diariamente, porém, os usuários do sistema de transporte público enxergam as deficiências do sistema ao pegar um ônibus ou um transporte alternativo, as conhecidas topics.

Para o estudante Thiago Nogueira, que precisa pegar o ônibus Campus do Pici/Unifor para ir à Faculdade Integrada do Ceará, a frota ainda é insuficiente. “Há poucos ônibus para uma grande quantidade de pessoas. Enquanto a Etufor e os empresários não tomarem uma providência para organizar o trânsito de Fortaleza não tem jeito”, reclamou.

Em resposta às queixas de usuários, a Etufor disse que o problema da superlotação não pode ser resolvido apenas colocando mais ônibus nas ruas, pois a infra-estrutura da cidade não suportaria. Para esse fim, a Prefeitura de Fortaleza colocou recentemente em andamento o Programa Transfor, que prevê a construção de faixas exclusivas para circulação de ônibus e topics. Com isso pretende aumentar a velocidade média das viagens dos ônibus, que atualmente é de 15 Km/h.

Juntamente com o Programa Integração Temporal – que permite aos usuários utilizar até dois ônibus com uma única passagem – pretende-se otimizar o aumento da capacidade de embarque e desembarque de passageiros. Para verificar quais linhas de ônibus estão integradas, o usuário precisa se informar nos terminais ou acessar o site da Etufor.

A condição física dos ônibus é outro fator a ser levado em consideração, visto que disso depende a segurança e conforto dos passageiros. Segundo a lei municipal 7.136 de 1992, é dever da antiga Ettusa (atual Etufor) fiscalizar e fazer uma vistoria regular dos veículos nos itens relacionados: segurança, conforto e higiene, além dos itens mecânicos tais como o sistema de freios, suspensão, conservação do motor, pneus, macaco, extintor, dentre outros. Essas vistorias são organizadas de acordo com o tipo de transporte.

A vistoria dos ônibus é feita a cada três meses para carros com mais de cinco anos de vida, e a cada seis meses para os carros com menos de cinco anos. Já no caso das vans, a vistoria é realizada a cada seis meses. Os veículos devem exibir o selo verde, que significa que o transporte passou pela vistoria e foi aprovado.A Etufor, empresa responsável pela fiscalização, apreende e multa os ônibus e topics que circulam de forma irregular. No ano de 2007 o número de carros pequenos e topics apreendidos foi de 885. Até abril desse ano já foram apreendidos 129 veículos, incluindo ônibus.

Uma cena que se tornou comum é uma topic ser parada por um carro de fiscalização da Etufor, devido à quantidade excessiva de pessoas. Porém, no caso da superlotação dos ônibus, mas essa fiscalização não acontece. Segundo a assessora de imprensa da Etufor, Kerla Alencar, “a própria legislação só delimita a quantidade de pessoas nos transportes alternativos”, por isso é normal acontecer vistorias somente nas topics.

Quanto aos ônibus, o controle é feito apenas pelas cabines de controle. “Ao longo da viagem se ele vai superlotar não temos como controlar”, declara a assessora. Ao todo há apenas quatro cabines espalhadas pela cidade: na praça da Bandeira, praça da Estação, praça Coração de Jesus e avenida Humberto Monte.

Os riscos de um ônibus lotado são evidentes: há casos de pessoas que se machucam dentro dos coletivos por conta da grande lotação, ou mesmo por imprudência de alguns motoristas que desrespeitam os passageiros. “Hoje mesmo, assim que uma idosa subiu o primeiro degrau o motorista arrancou e ela quase caiu”, afirma Ana Paula, 23, vendedora que passa 5 horas por dia em ônibus. Para ela, o problema no comportamento de motoristas e cobradores vai além: “eles não tratam, e sim maltratam os passageiros. Mas acho que isso pode não ser culpa deles, pode ser por causa da pressão que sofrem das empresas”.

Talvez Ana Paula tenha razão. No mesmo terminal, o motorista Francisco Xavier, 29, diz que “trata muito bem os passageiros”, mas que se defende quando a recíproca não é verdadeira. Para ele as condições de trabalho não contribuem: “o salário é ruim, os horários estão péssimos. Engarrafamentos que atrasam o trânsito e a gente ainda tem que cumprir a rota no mesmo prazo. Aliás, em horários de pico eles fazem é diminuir. Agora que o movimento tá menor, eu tenho 40 minutos para fazer o percurso, mas às 19h eu só tinha 32 Qualquer dia se não tiver mais emprego pra ninguém e só sobrar de motorista, o cidadão vai chegar e dizer: quero não!”.

Alguns especialistas em trânsito consideram que a implantação de novos meios de transporte pode reduzir os problemas relativos à infra-estrutura do sistema de transporte urbano. A proposta mais conhecida é o Metrofor, projeto de metrô da Região Metropolitana de Fortaleza, que deverá ser entregue em 2010.

O trânsito do pedestre

Projetos da AMC investem na segurança da travessia de pessoas

Texto: Fernanda Marreiro, Rafael Mesquita, Herika Marinho, Mayara Bernardo, Samara Melo e Sarah Rahanny

Desde o ano de 2002 a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC) desenvolve o Programa Travessia Cidadã, que tem o objetivo de formar auxiliares no trânsito, que passam a garantir a segurança e reforçar a legislação específica.

O projeto desenvolve, por meio de treinamento, a formação de auxiliares no trabalho da AMC. Tal capacitação é ministrada pelos educadores da Divisão de Educação para a Cidadania de Trânsito (Dect) da Autarquia. O Travessia é dividido em dois segmentos: primeiro há a dedicação a aulas teóricas e depois são realizados treinamentos nas faixas de pedestres da cidade. Ao final, todo o aprendizado dos envolvidos é avaliado pela AMC. Com o desenvolvimento das competências como ética, cidadania e questões humanas relacionadas ao trânsito, o projeto destaca-se dentre as mais de 20 ações de educação para o transito desenvolvidos pela Dect/AMC.

Os aprendizes do curso são na maioria das vezes indivíduos que podem lidar diariamente com a condução de pedestres nas vias ou atuando em campos como o da educação infantil. Temos exemplos de porteiros, auxiliares de segurança, bombeiros e professores realizando os estudos da circulação de pedestres junto a AMC. Já são 33 turmas formadas pelo projeto, o que significa em torno de 600 pessoas capacitadas. Esses profissionais voltam para as instituições de que são oriundos para aplicar na prática cotidiana o que descobriram com o curso.

Algumas empresas apostam no projeto e fazem desses auxiliares verdadeiros multiplicadores da boa educação no trânsito. Jairson de Lima, funcionário do Colégio São Thomas de Aquino, na Serrinha, afirma que percebe a diferença no trafego diário que realiza de casa para trabalho, não só está mais atento, como fala que “os erros dos outros dão logo na vista”. Jairson pertenceu à 33ª turma, que se diplomou há cerca de um mês.

Sheila Fontenele, diretora da Divisão de Educação, explica que “a necessidade de amenizar os transtornos de trânsito fez ampliar o atendimento do Programa, engajando também as empresas como parcerias na construção de um trânsito menos violento e mais cidadão”. Ela adverte também que não adianta formar motoristas conscientes: os pedestres precisam entender demasiadamente como funciona o trânsito. Dessa forma, ambos os lados se beneficiam.


Outras ações da Divisão de Educação para a Cidadania no Trânsito

A AMC atendeu 151.799 pessoas em 2007 - 77% a mais que no ano anterior – no desenvolvimento de 15 dos 21 projetos da Divisão de Educação para a Cidadania no Trânsito (Dect) da AMC, são eles: Segurança em Foco, vídeo educativo, Escolas Municipais de Trânsito, Escola Aberta, Arte e Educação no Trânsito, Travessia Cidadã, AMC Vai à Escola e à Empresa, Círculo de Cultura, Oficinas com Professores das Escolas Municipais (Escola Aberta SME), Atravessando a Cidade, Sinalizando para a Vida, cursos e seminários, Adolescente Cidadão e grupo de estudos.

A divisão prevê até o fim do ano de 2008 dobrar o investimento nas ações educativas, apostando, sobretudo, na época de feriados do fim de ano, com promoções vinculadas a empresas do setor comercial de Fortaleza, principalmente lojas e shoppings.

Implantação de semáforos na avenida Aguanambi

Projeto tem como objetivo reduzir o número de congestionamentos e acidentes no local

Texto: Fernanda Marreiro, Rafael Mesquita, Herika Marinho, Mayara Bernardo, Samara Melo e Sarah Rahanny

A Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos de Cidadania de Fortaleza (AMC), está colocando em prática o projeto de engenharia de tráfego que pretende melhorar o trânsito na rotatória da Avenida Aguanambi.

O projeto, elaborado pela Divisão de Engenharia de Trânsito (Dieng) e pelo Controle de Tráfego em Área de Fortaleza (CTAFOR) da Autarquia, já havia sido concluído há mais de um ano e esperava apenas autorização do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) para o início das obras, que também envolvem alterações na estrutura viária do acesso da BR-116. A implantação de três semáforos veiculares nas chegadas sul e norte (Aguanambi) e leste (BR-116) da rotatória.

No projeto foram inclusas as seguintes ações: implantação de um semáforo para pedestres onde a rodovia tangencia a chegada leste da rotatória (BR 116); Correções nas vias de chegada à rotatória, com obras calçadas e canteiros; melhoria da drenagem de águas pluviais, constando da implantação de rede de micro-drenagem e ampliação das caixas de captação. Entre os objetivos, está eliminar as filas de veículos existentes nas aproximações norte e oeste da rotatória e reduzir a quantidade de colisões existentes na aproximação sul.

Antônia Xavier, de 40 anos, é garçonete em uma lanchonete próxima à rotatória e diz que, todos os dias, tem dificuldades para atravessá-la. "Chego a passar até 15 minutos no meio fio da calcada até conseguir atravessar a pista, e sempre correndo", conta. Ela reclama da alta velocidade dos veículos que transitam no local. "Um semáforo para pedestres ajudaria muito na travessia e seria importante para evitar acidentes", relata a garçonete.

Tecnologia em transportes urbanos de Fortaleza ajuda a prevenir assaltos

Texto: André Teixeira e Victor Hugo

A segurança sempre andou de mãos dadas com a tecnologia. Neste ano, as empresas de transportes urbanos em Fortaleza reforçaram essa idéia. Os resultados são mais conforto e segurança para passageiros e funcionários e menos gasto para as empresas.

Até o ano passado a segurança dos ônibus era feita com o uso de câmeras de segurança, o que gerava alto custo e pouca eficiência. Antes, elas apenas armazenavam dados, e no fim de cada dia, as imagens eram checadas. Agora, em 2008, começaram a ser instaladas câmeras que trabalham on-line, com imagens chegando à central de segurança em tempo real. A expectativa é que todos os veículos coletivos empresariados possuam esse equipamento até o fim do ano. Algumas empresas, como a Dragão do Mar, já o têm em todos os seus ônibus.

Em caso de assalto, a Polícia é instantaneamente avisada: “Isso facilitou muito nosso trabalho. A unidade mais próxima é alertada diretamente da central e essa agilidade nos ajuda a capturar o infrator em flagrante”, afirma o delegado do 3º Distrito Policial, Wagner Diniz. Isso ocorre porque o motorista de ônibus tem um botão de acesso fácil que aciona imprevistos para a central de segurança, mesmo que os suspeitos evitem as câmeras.

O delegado Wagner Diniz afirma ter impressão de que os assaltos a ônibus diminuíram. “Não vejo tantos boletins de ocorrência como antigamente”, ressalta ele, acrescentando: “normalmente são poucas quadrilhas que fazem o mesmo tipo de assalto várias vezes. Conseguimos prender algumas. As câmeras nos ajudam na identificação do infrator”. Os dados presentes no site do Sindionibus confirmam: as estatísticas de abril deste ano – quando a maioria das linhas já possuía câmeras, alarmes e GPS – comparadas às do ano passado, caíram em quase 30%.

Controle em tempo integral do itinerário

O GPS (Global System Position, Sistema de Posição Global) já está instalado em 20% dos ônibus de Fortaleza. Ele indica a posição precisa do transporte em tempo real. Dessa forma, em um eventual seqüestro e desvio de rota, a localização do transporte é muito fácil e ágil. Esse aparelho também informa se o motorista ultrapassou a velocidade adequada (60km por hora), se parou para receber ou despachar passageiros em locais indevidos ou mesmo se ele mantém o itinerário.

Um monitor parecido com um aparelho de TV é instalado no interior dos ônibus e exibe aos passageiros a exata localização em que está e quais os próximos pontos de parada previstos. A empresa Vega, que já instalou o GPS em 50% dos seus veículos, possui ainda um sistema de locução que narra as próximas paradas por meio dos alto-falantes, “Isso ajuda bastante as pessoas com deficiência visual”, explica o fiscal de ônibus da Vega, Jone Jéferson.

Mais tecnologia, menos gasto

Outra tecnologia que se apresenta muito útil é o computador de bordo, que tem agilizado o serviço de mecânicos e reduzido o gasto dos empresários. Ao fim de cada dia, ele exibe informações sobre problemas e sua devida localização no veículo, mais comuns nas portas, sistema de freio e motor. “Antigamente, o carro dava defeito e passava muito tempo parado, só pra encontrar o defeito era quase um dia todo, porque o ônibus é muito grande e complicado de trabalhar com ele”, diz Jéferson. Quem agradece são os mecânicos, que não são remunerados pelo tempo de serviço empregado para localizar o defeito.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Existe capacitação para os motoristas?


Texto: Suelen Viana, Cícero Fernandes e Lucas Mendes
Foto: Suelen Viana


São 1.646 ônibus que circulam na capital, distribuídas em 219 linhas, totalizando 971.140 passageiros diariamente, segundo dados da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Fortaleza - Etufor.

Numa cidade grande como Fortaleza, onde a maioria da população usufrui do transporte urbano para se locomover, é impossível não perceber os problemas que surgem no dia-a-dia. Já se tornou comum vermos nos meios de comunicação notícias enfatizando problemas de trânsito. Não raras são as que relatam a indignação de usuários de transporte coletivo com os motoristas. As maiores reclamações estão relacionadas a excesso de velocidade, lotação acima da recomendada pelas leis de trânsito e desrespeito com os passageiros, principalmente com os que têm restrição de mobilidade, como idosos, gestantes e pessoas portadoras de deficiência.

Francisca Mesca, 78, moradora do bairro Jockey Clube, disse que diariamente pega algum ônibus das linhas Paranjana, Henrique Jorge ou Lineu Machado, para se locomover até o SESI da Parangaba, onde pratica hidroginástica, e que muitos motoristas são grosseiros e não fazem a parada que fica em frente ao órgão, porque há grande concentração de idosos nesse ponto. “Às vezes passam três ônibus para um resolver parar”, diz ela, ressaltando que isso não deve ser generalizado porque a maioria dos motoristas são gentis e atenciosos. “Alguns são grosseiros porque as pessoas são grosseiras também”, pondera. Ela acredita que, se houvesse mais ônibus nas linhas, e um maior número de fiscais, esse problema poderia ser amenizado.

Na tentativa de solucionar problemas como esse citado por dona Francisca, algumas empresas de transporte urbano de Fortaleza, vêm procurando capacitar seus motoristas, oferecendo cursos nas áreas de direção defensiva e relações interpessoais. É o que nos relatam alguns motoristas abordados no terminal da Parangaba.

Charles, que há três anos é motorista da Viação Fortaleza, disse que a empresa é rigorosa no processo de admissão e que se preocupa muito com a qualidade de seus serviços e com o bem-estar dos usuários. Por isso, durante o processo seletivo, é exigido dos candidatos ao cargo de motorista dois anos de experiência comprovada na carteira. Além disso, é feito teste psicotécnico para avaliar a coordenação motora e psicológica, bem como de visão e audição. Ele nos relatou ainda que de três em três meses a empresa oferece cursos de capacitação entre seus funcionários, uma espécie de reciclagem, principalmente para ensinar a lidar com os idosos. “Durante os cursos realizamos testes com pesos nas pernas e óculos escuros para sentirmos na pele a dificuldade que os idosos têm de locomoção e também para enxergar o letreiro dos ônibus. Assim podemos compreendê-los melhor e sermos mais pacientes”, completa.

Charles afirma que a empresa tem sempre um psicólogo à disposição da categoria, caso o profissional sofra de algum trauma por conta de assaltos, acidentes e até mesmo em casos de stress do cotidiano. O motorista relata ter um relacionamento de respeito mútuo com os usuários. Sua dificuldade maior no exercício da profissão é o congestionamento do trânsito nos horários de picos. Mas acredita que se as avenidas forem alargadas e os terminais aumentados esse problema será solucionado ou, pelo menos, amenizado. Quanto ao trabalho de seus colegas de profissão, ele avalia: “Não vou dizer que é excelente, porque nem todas as empresas dão capacitação, mas no geral considero bom”, comenta.

Alguns motoristas se recusaram a falar sobre qualquer assunto relacionado ao treinamento que recebem das empresas. Os que aceitaram falar não permitiram que a entrevista fosse gravada. Antônio Paiva que há três anos é motorista da empresa Maraponga, disse que a única exigência quando foi contratado é que tivesse no mínimo dois anos de experiência. Fora isso, fez somente teste de rua e nada mais. Nunca recebeu por parte da empresa nenhum tipo de curso. Mas disse que isso em nada atrapalha o seu ótimo relacionamento com os passageiros e nem seu desempenho profissional.

Marcus Thadeu, analista de recursos humanos da Via Metro, informou que para um motorista ser integrado no quadro de funcionários da empresa a exigência é de uma experiência comprovada de seis meses e uma formação mínima de escolaridade que corresponda ao ensino fundamental completo. No processo seletivo, os candidatos passam por testes psicotécnicos para averiguação de coordenação motora e também fazem um outro teste, intitulado MPK, para avaliar o nível de stress do profissional. Depois disso, o motorista realiza testes internos e externos de direção, para comprovar sua aptidão. E ainda, passa por um estágio de uma semana onde é acompanhando e avaliado pelo orientador de tráfego.

O analista fez questão de enfatizar que a Via Metro tem uma política de valorização dos funcionários, na qual "todos são parte integrante de uma família, cuja preocupação maior é o bem-estar de cada um, inclusive de seus usuários". Segundo ele, isso "é o grande diferencial da empresa". De acordo com o analista, a empresa está sempre oferecendo cursos de reciclagem para seus motoristas com o objetivo de aperfeiçoar seus serviços. Há cursos realizados em parceria com o Detran que vão desde legislação de trânsito a noções de primeiros socorros. Outros são ofertados pela própria empresa, como o de relações humanas, em que o profissional aprende a lidar com os mais diversos tipos de passageiros.

Thadeu disse ainda que a empresa mantém uma escolinha de formação de motoristas, que tem como prioridade desenvolver habilidades e o potencial dos profissionais. Ele cita até uma frase utilizada pelo time do Flamengo (RJ), há alguns anos, que dizia: “craque a gente faz em casa”, ele a modificou para, “craque a gente faz aqui dentro”, no intuito de afirmar o quanto a empresa incentiva e investe nos funcionários. Segundo ele, a Via Metro cobre 50% dos gastos que um trocador que já tem habilitação B gastaria para trocar por habilitação D. Além disso, o trocador ficará na escolinha durante três a quatro meses. Nesse período, passa por testes que medem o stress e por várias etapas de avaliação psicológica, além de assistir às aulas de direção defensiva, relações humanas, noções de manutenção de veículos.

Thadeu nos relatou também que em casos de assaltos, os motoristas e trocadores são orientados a não reagirem. Caso aconteça um episódio desse tipo, a empresa sempre chama os funcionários para uma conversa e se perceber que os mesmos ficaram com algum trauma, ela os encaminha ao psicólogo. É importante ressaltar que na semana anterior à produção desta reportagem, conversamos com um trocador da empresa Via Metro que faz a linha “Novo Maracanaú”, nos deu as mesmas informações dadas pelo analista Marcus Thadeu.

Rogério Barbosa, Administrador da empresa São José de Ribamar nos informou por telefone que não há uma capacitação aprofundada para os motoristas. Para preencher o cargo, o candidato já deve ter passado pelo exame da Etufor e do Departamento Estadual de Trânsito - Detran, além de possuir no mínimo três anos de experiência. Finalizada a análise curricular, os selecionados passam pelo teste de equilíbrio psicológico, o qual é efetuado pela própria empresa. A avaliação é realizada nas ruas, com o candidato na direção do veículo enquanto um instrutor o observa. Segundo o administrador, o motorista recebe ainda instruções de como lidar com a equipe de trabalho com o público e com o veículo.

As empresas Via Urbana e Via Máxima também foram procuradas pela nossa equipe, porém não disponibilizaram alguém para a entrevista. A representante do setor de recursos humanos da Via Urbana, Camila Sarkis, justificou por e-mail que não tiveram como se programarem para nos receber, devido ao "prazo curto" que demos e pela ausência de um dos funcionários responsáveis pelo treinamento de motoristas que está de férias. Já a outra empresa disse que não havia nenhum horário disponível na agenda.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Estréia

Saúdo a todos os leitores deste blog que a partir deste segundo semestre de 2008 servirá como espaço na Web para leitura, troca de informações e para mostrar a produção de meus alunos da disciplina de Técnicas de Apuração, Entrevista e Reportagem II da Faculdade Integrada do Ceará (FIC).

Na estréia, disponibilizarei as reportagens sobre trânsito e transporte urbano dos alunos da turma 2008.1, que fizeram parte de uma das avaliações da disciplina.

De resto, deixo claro que serão bem vindos os comentários, sugestões e críticas de todos.

Um abraço